
De Nixon que pautou sua campanha
a presidência dos EUA em uma recuperação incondicional dos bons costumes e na
chamada “guerra às drogas”, até Obama que admitiu ter dado uns tapas na erva e,
recentemente, declarou que a marijuana
não é mais maléfica que o álcool, muita água passou por debaixo da ponte, muita
goma umedeceu as cedas, muita fumaça foi jogada nas cacholas. E apesar da
decantada guerra as drogas que consumiu bilhões de dólares e jogou na cadeia
milhões de pessoas, em sua maioria negros e pobres, a maconha continua sendo a
droga ilícita mais usada em todo o mundo.
Uma forte corrente
anti-proibicionista parece varrer o mundo com argumentos defendidos
apaixonadamente por aqueles que não se conformam com o contrassenso hipócrita
que aceita determinadas drogas na legalidade enquanto demoniza outras. A legalização
e o controle, principalmente da maconha, aparecem nesses discursos como a panaceia
para uma sociedade que está perdendo a alardeada guerra para as substancias
psicoativas e onde as mais recentes estatísticas acusam um aumento generalizado
no uso e, em alguns segmentos específicos, no abuso das drogas.
A maconha é um sucesso de vendas globalizado
e a “mão invisível” de Adam Smith que transforma tudo em mercadoria dentro da
economia de mercado já percebeu isso. Mesmo com as contradições entre a
realidade científica e a realidade cultural que confrontam interpretações antagônicas
sobre os efeitos da erva, o fato é que um agricultor do Colorado (EUA) já fez
as contas e percebeu, com água na boca, que o que pode render um hectare de
maconha é cem vezes mais do que um hectare de alfafa. A indústria e o mercado
se preparam para uma transformação sem volta que, por tesão econômico, irá
enfrentar os pensamentos mais tradicionais e apoiar o liberação da marijuana.
Nessa arena de debates, exageros
de todos os lados são verificados, tanto de proibicionistas que teimam em
associar comportamentos inadequados e problemas de saúde superdimensionados ao
uso de maconha, quanto da turma da liberação que por vezes chegam a interpretar
a maconha como uma entidade espiritual superior capaz de solucionar todos os
problemas da existência humana.

A decisão pelo uso ou não de uma
determinada substancia carrega em si uma escolha racional e pessoal do
individuo, salvo naqueles casos em que a razão já foi derrotada pela dependência
química e psicológica. E nesse sentido a moderação se torna um objetivo mais viável
e positivo do que a abstinência total. Tanto na relação do homem com as drogas,
quanto no próprio debate social que se apresenta sobre o assunto, o equilíbrio
parece ser o caminho mais indicado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário