quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

We can...nabis or not?


Já vão longe os tempos em que a maconha era vendida livremente nas farmácias do mundo. No Brasil ela foi proibida em 1932, mas antes dessa proscrição comandada pelo governo Vargas, podia ser encontrada nas drogarias do Centro da então Capital Federal em diversas apresentações. Como na forma dos Cigarros Índios , indicados para “ Asthma, Catarrhos e Insomnia” e com propagado efeito reparador para “dificuldade em respirar, roncadura” e até para os “flatos”.
De Nixon que pautou sua campanha a presidência dos EUA em uma recuperação incondicional dos bons costumes e na chamada “guerra às drogas”, até Obama que admitiu ter dado uns tapas na erva e, recentemente, declarou que a marijuana não é mais maléfica que o álcool, muita água passou por debaixo da ponte, muita goma umedeceu as cedas, muita fumaça foi jogada nas cacholas. E apesar da decantada guerra as drogas que consumiu bilhões de dólares e jogou na cadeia milhões de pessoas, em sua maioria negros e pobres, a maconha continua sendo a droga ilícita mais usada em todo o mundo.
Uma forte corrente anti-proibicionista parece varrer o mundo com argumentos defendidos apaixonadamente por aqueles que não se conformam com o contrassenso hipócrita que aceita determinadas drogas na legalidade enquanto demoniza outras. A legalização e o controle, principalmente da maconha, aparecem nesses discursos como a panaceia para uma sociedade que está perdendo a alardeada guerra para as substancias psicoativas e onde as mais recentes estatísticas acusam um aumento generalizado no uso e, em alguns segmentos específicos, no abuso das drogas.    
A maconha é um sucesso de vendas globalizado e a “mão invisível” de Adam Smith que transforma tudo em mercadoria dentro da economia de mercado já percebeu isso. Mesmo com as contradições entre a realidade científica e a realidade cultural que confrontam interpretações antagônicas sobre os efeitos da erva, o fato é que um agricultor do Colorado (EUA) já fez as contas e percebeu, com água na boca, que o que pode render um hectare de maconha é cem vezes mais do que um hectare de alfafa. A indústria e o mercado se preparam para uma transformação sem volta que, por tesão econômico, irá enfrentar os pensamentos mais tradicionais e apoiar o liberação da marijuana.
Nessa arena de debates, exageros de todos os lados são verificados, tanto de proibicionistas que teimam em associar comportamentos inadequados e problemas de saúde superdimensionados ao uso de maconha, quanto da turma da liberação que por vezes chegam a interpretar a maconha como uma entidade espiritual superior capaz de solucionar todos os problemas da existência humana.
Mesmo causando dependência psicológica em um percentual relativamente pequeno de usuários, se comparada aos percentuais de dependência de outras drogas – como o álcool, o tabaco e a cocaína por exemplo – e com a possibilidade de agravamento de transtornos psicológicos pré existentes, a maconha ainda aparece como uma droga de baixo potencial de destruição e seu uso, em grande parte dos consumidores, não impede o desempenho dos diversos papéis sociais do indivíduo.   Entretanto, nem por isso deixa de ser droga e o fato de passar a ser admitida dentro de determinados arranjos sociais não pode servir de disfarce para ser entendida de outra maneira, com o risco de sairmos de um proibicionismo irracional e motivado por interesses políticos para uma idolatria fanática e fundamentalista.
A decisão pelo uso ou não de uma determinada substancia carrega em si uma escolha racional e pessoal do individuo, salvo naqueles casos em que a razão já foi derrotada pela dependência química e psicológica. E nesse sentido a moderação se torna um objetivo mais viável e positivo do que a abstinência total. Tanto na relação do homem com as drogas, quanto no próprio debate social que se apresenta sobre o assunto, o equilíbrio parece ser o caminho mais indicado.  




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